Veículos movidos a etanol como forma de contribuir para cidades sustentáveis
DOI:
https://doi.org/10.47842/juts.v7i1.77Palavras-chave:
Cidades Sustentáveis, Pegada de Carbono, Etanol, Avaliação do Ciclo de VidaResumo
O transporte rodoviário desempenha um papel central nas emissões de gases de efeito estufa (GEEs) no mundo, com uma notável e crescente contribuição. O objetivo deste trabalho é verificar a contribuição do etanol como combustível, em termos de emissões veiculares no Brasil. Assim, analisam-se as emissões de GEEs associadas à operação de um Renault Kwid Intense flex 1.0, comparando a operação com gasolina e etanol. Para tanto, aplica-se a metodologia da Avaliação de Ciclo de Vida para quantificar as emissões associadas à operação e manutenção do automóvel ao longo de 100.000 km no Brasil. Para o estudo, a periodicidade das manutenções foi a sugerida pela Renault, e considerou-se como consumo médio a gasolina 15,5 km/L e, para o etanol, 10,9 km/L. A pegada de carbono para ambos os veículos nas condições submetidas para toda a fase de uso e manutenção foi de 2129,95 kg CO2-eq para o veículo a gasolina e 1227,30 kg CO2-eq para o veículo a etanol. Observa-se que as emissões do veículo a etanol são 42,38% mais baixas e existe potencial para mitigação de mudanças climáticas associadas ao seu uso, contribuindo para vários Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e, principalmente, para a sustentabilidade de cidades. Objetivo: Analisar as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) de um veículo leve utilizando gasolina e etanol, avaliando o potencial de redução da pegada de carbono a partir do uso de biocombustíveis. Referencial teórico: Uma estratégia para a descarbonização pode ser o uso de etanol e biocombustíveis, que é uma maneira mais rápida e possui menos custos financeiros do que a eletrificação veicular. Em algumas situações, o uso de etanol pode ser mais eficiente na redução de emissões de poluentes do que veículos 100% elétricos. O Brasil se destaca por manter boa relação entre a qualidade da gasolina e as emissões de GEEs, com boa parte da frota de veículos brasileiros utilizando etanol atualmente, o que diminui significativamente a emissão de GEEs. Método: A Avaliação e Ciclo de Vida (ACV) é utilizada para calcular as emissões de GEEs do Renault Kwid Intense flex para as fases de uso e manutenção (reposição de peças e partes) do veículo, considerando o consumo de gasolina e etanol no Brasil. Emprega-se o método de avaliação de impacto ambiental IPCC 2021 GWP 100a, que quantifica as emissões de GEEs num período de 100 anos. O estudo considerou uma vida útil para ambos os veículos de 100.000 km. Resultados e conclusão: Pôde-se observar uma redução da pegada de carbono de 42,38% ao utilizar etanol ao invés da gasolina. Além disso, constata-se que a manutenção do veículo tem baixo impacto na pegada de carbono total ao longo do período de uso. Implicações da pesquisa: É possível verificar que o etanol tem um efeito mitigador no aquecimento global quando comparado ao uso de combustíveis fósseis, como a gasolina. Originalidade/valor: O estudo pode contribuir para o planejamento de políticas públicas e boas práticas na sociedade, visando a reduzir a pegada de carbono, melhorar a qualidade do ar, promover sistemas mais sustentáveis e descarbonizar as ações cotidianas.
Downloads
Referências
ABNETT, Kate. União Europeia aprova proibição de novos carros a combustão a partir de 2035. CNN Brasil, 27 out. 2022. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/uniao-europeia-aprova-proibicao-de-novos-carros-a-combustao-a-partir-de-2035/. Acesso em: 15 fev. 2024
ABNT. NBR ISO 14040: Gestão Ambiental - Avaliação do ciclo de vida - Princípios e estrutura. Rio de Janeiro: ABNT, 2014a.
ABNT. NBR ISO 14044: Gestão Ambiental - Avaliação do ciclo de vida - Princípios e estrutura. Rio de Janeiro: ABNT, 2014b.
ANP. Anuário estatístico brasileiro do petróleo, gás natural e biocombustíveis 2023. Brasília, DF, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/anp/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/anuario-estatistico/anuario-estatistico-2023. Acesso em: 15 fev 2024.
ANP. Resolução nº 40, de 25 de outubro de 2013. Brasília, DF: ANP, 2013. Disponível em: https://atosoficiais.com.br/anp/resolucao-n-40-2013-. Acesso em: 15 fev. 2024.
BARCZAK, Rafael; DUARTE, Fábio. Impactos ambientais da mobilidade urbana: cinco categorias de medidas mitigadoras. Urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 13-32, jun. 2012. DOI: https://doi.org/10.1590/S2175-33692012000100002
BENVENUTTI, L. M. M. et al. Electric versus ethanol? a fleet-based well-to-wheel system dynamic model for passenger vehicles. Transportation Research Part D: Transport and Environment, [s. l.] v. 115, p. 103604, 2023. DOI: https://doi.org/10.1016/j.trd.2023.103604 DOI: https://doi.org/10.1016/j.trd.2023.103604
BOARETO, Renato. A política de mobilidade urbana e a construção de cidades sustentáveis. Revista dos Transportes Públicos-ANTP, Brasília, DF, ano 30/31, p. 141-160, 2008.
BRASIL. Lei nº 12.490, de 16 de setembro de 2011. Altera as Leis nºs 9.478, de 6 de agosto de 1997, e 9.847, de 26 de outubro de 1999 [...]. Brasília, DF: Presidência da República, 2011. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12490.htm. Acesso em: 15 fev. 2024.
DIAS, J. d. S. O uso do etanol como combustível no brasil vai completar um século! Agroenergia em Revista, Brasília, DF, ano 3, n. 5, p. 12-13, dez. 2012.
DONG, Yahong et al. Life cycle assessment of vehicle tires: A systematic review. Cleaner Environmental Systems, v. 2, p. 100033, Jun. 2021. DOI: https://doi.org/10.1016/j.cesys.2021.100033 DOI: https://doi.org/10.1016/j.cesys.2021.100033
ECOINVENT CENTRE. Ecoinvent database version 3.8 Swiss Centre for Life Cycle Inventories. Zurich: EcoInvent Centre, 2023.
EPE. Balanço Energético Nacional (ano-base 2023). Rio de Janeiro, 2024. Disponível em: https://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/balanco-energetico-nacional-2023. Acesso em: 9 jan. 2024.
GLENSOR, Kain; MUÑOZ B., María Rosa. Life-Cycle Assessment of Brazilian Transport Biofuel and Electrification Pathways. Sustainability, [s. l.], v. 11, n. 22, 6332, 2019. DOI: https://10.3390/su11226332 DOI: https://doi.org/10.3390/su11226332
IPCC. Climate change 2021: The physical science basis. Agenda, Geneva, v. 6, n. 07, p. 280, 2021.
KATARZYNA, P. et al. LCA as a tool for the environmental management of car tire manufacturing. Applied Sciences, [s. l.], v. 10, n. 20, p. 7015, 2020. DOI: https://doi.org/10.3390/app10207015 DOI: https://doi.org/10.3390/app10207015
KOVARSKY, P. Etanol: uma solução brasileira sim, e das boas. Brasil Energia, Rio de Janeiro, 01 ago. 2020. Disponível em: www.editorabrasilenergia.com.br/etanol-uma-solucao-brasileira-sim-e-das-boas. Acesso em: 9 jan. 2024.
MACHADO, Henrique Moreira Fruh. Estudo de viabilidade econômica e socioambiental do etanol super-hidratado como combustível para mobilidade e geração de energia. 2019. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2019.
NASTARI, Plinio Mário. Papel do etanol na mobilidade sustentável do futuro. AgroANALYSIS, São Paulo, v. 41, n. 10, p. 16-17, 2021.
NICHI, Jaqueline. O desafio da mobilidade sustentável em cidades inteligentes: o caso da cidade de São Paulo. In: VIDAL, Leonardo de Carvalho; OLIVEIRA, Gilmar Gonçalves de; REIS, Wallace Pereira Neves dos (org.). Smart cities e smart factory: insights sobre tendências e padrões. São Paulo: Editora Científica Digital, 2023. E-book. p. 87-106. Disponível em: https://www.editoracientifica.com.br/books/chapter/o-desafio-da-mobilidade-sustentavel-em-cidades-inteligentes-o-caso-da-cidade-de-sao-paulo. Acesso em: 9 jan. 2024. DOI: https://doi.org/10.37885/230814205
PETROBRÁS. Óleo diesel: informações técnicas. Rio de Janeiro, 2023. Disponível em: https://petrobras.com.br/quem-somos/oleo-diesel. Acesso em:5 fev. 2024.
SIMAPRO. Pré Sustainability. Amersfoort, 2024. Disponível em: https://simapro.com/.
RENAULT. Renault KWID: ficha técnica – Renault. 2024. Disponível em: https://www.renault.com.br/veiculos-de-passeio/kwid/ficha-tecnica.html. Acesso em: 27 nov. 2024.
RFA. World Fuel Ethanol Production by Region. Ellisville, 2020. Disponível em: https://ethanolrfa.org/markets-and-statistics/annual-ethanol-production. Acesso em: 7 ago. 2024.
RODRIGUES, Luciano; ABREU, Ricardo Simões. O papel da bioenergia na mobilidade sustentável de baixo carbono. AgroANALYSIS, São Paulo, v. 43, n. 6, p. 19-21, 2023.
SHANBAG, A.; MANJARE, S. Life cycle assessment of tyre manufacturing process. Journal of Sustainable Development of Energy, Water and Environment Systems, Zagreb, v. 8, n. 1, p. 22-34, 2020. DOI: https://doi.org/10.13044/j.sdewes.d7.0260 DOI: https://doi.org/10.13044/j.sdewes.d7.0260
SILVA, Edwin Francisco Ferreira. Modelo numérico dos consumos energéticos e emissões de CO2 como apoio aos planos de mobilidade. 2024. Tese (Doutorado em transportes) – Universidade de Brasília, Brasília, 2024.
UNICA. Industria vê etanol como principal rota para descarbonização. [S. l.]2023. Disponível em: https://unica.com.br/noticias/industria-ve-etanol-como-principal-rota-para-descarbonizacao/. Acesso em: 9 jan. 2024.
VIANNA, J. et al. O papel do etanol na mitigação das emissões de poluentes no meio urbano. In: JORNADA LUSO-BRASILEIRA DE ENSINO E TECNOLOGIA EM ENGENHARIA–JBLE, 2., 2009, Porto. Anais [...]. Porto: Instituto Superior de Engenharia do Porto, 2009.
Downloads
Publicado
Como Citar
Licença
Copyright (c) 2024 João Marcelo Fernandes Gualberto de Galiza, Daniel de Paula Diniz, Monica Carvalho

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
- O(s) autor(es) autoriza(m) a publicação do artigo na revista;
O(s) autor(es) autoriza(m) a publicação do texto na da revista;
O(s) autor(es) garantem que a contribuição é original e inédita e que não está em processo de avaliação em outra(s) revista(s);
A revista não se responsabiliza pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos, por serem de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es);
É reservado aos editores o direito de proceder a ajustes textuais e de adequação às normas da publicação.
Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre)